Quando a IA Virou Empreendedora: O Experimento da Anthropic

Claude tentou administrar uma máquina de vendas e o resultado foi… digamos, peculiar


Imagina dar as chaves do seu negócio para uma inteligência artificial e falar: "Se vira aí, campeão!" Foi exatamente isso que a Anthropic fez com o Projeto Vend, um experimento que misturou tecnologia de ponta com o bom e velho empreendedorismo de bairro.

A montagem foi propositalmente despojada: uma mini-geladeira recheada de bebidas e lanches, alguns cestos empilháveis para produtos extras e um iPad funcionando como terminal de autoatendimento no escritório da empresa em San Francisco. Nada de alta tecnologia ou robôs futuristas – só o básico mesmo.

Mas aí que a coisa fica interessante. O Claude, rebatizado de Claudius para soar mais empresarial, ganhou um arsenal de ferramentas digno de qualquer CEO startup: acesso à internet para pesquisar fornecedores e produtos, sistema de email para negociar com "atacadistas" (que na verdade eram funcionários da Andon Labs fazendo de conta), e o mais impressionante – uma conta real no Venmo para movimentar o dinheiro.

A Anthropic não economizou nas instruções. Através de um prompt detalhado, estabeleceram que Claudius era oficialmente o "proprietário" da máquina, com todas as responsabilidades que isso implica: controlar estoque, definir preços, decidir quando e o que comprar, e ainda por cima lidar com os clientes. A IA recebeu um capital inicial e um aviso bem claro: "acabou o dinheiro, acabou o negócio".

O mais fascinante do experimento foi a liberdade criativa. Os pesquisadores deliberadamente evitaram restringir Claudius ao cardápio básico de qualquer máquina de vendas corporativa. Em vez de ficar preso aos eternos Doritos, barrinhas de cereal e refrigerantes, a IA foi explicitamente encorajada a pensar fora da caixa e abastecer a máquina com produtos não convencionais. Essa decisão de dar rédea solta à criatividade artificial se transformou numa caixa de Pandora comercial. O resultado foi uma série de escolhas de produtos tão inesperadas que beiravam o surrealismo, criando situações que oscilavam entre o genial e o completamente absurdo. O que parecia uma simples liberdade criativa acabou revelando aspectos fascinantes – e às vezes preocupantes – sobre como uma IA interpreta conceitos como "inovação" e "demanda do mercado".

Estalo: Dar autonomia total para uma IA pode ser como dar carta branca para uma criança numa loja de doces – tecnicamente possível, mas prepare-se para surpresas que desafiam toda lógica comercial.

Micha Torres

Um eterno aprendiz, formado em Gestão de Pessoas, com especialização em Gestão Corporativa, Inovação e Projetos, e MBA em Projetos e Ágeis. Tem sugestão de pauta? Envie para: estalolab@gmail.com.

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